Wednesday 18 February 2015

 

Desmoronar Enfim

Diga-me como é quando as lágrimas secam
Quando os gritos já não mais soam
E então, o que permanece?
O mundo sempre muda, eles dizem
E se eu permanecer?
O que será, se eu destruir?
Se contra tudo e todos eu me puser?
Já não era sem tempo.
Eu não podia mais esperar.
Não poderia perder mais nada,
Porque já tudo havia se perdido.
E esse ponto é sua natureza!
Quando não se há mais o que perder,
Quando não há mais algo que se queira ganhar
E quando assim, tanto já se passou,
Que não importa mais o que virá
A destruição me muda.
A destruição me fortalece
Nos sentidos mais longínquos e puros de minh'alma
E aí não há mais solução.
Chego ao ponto sem volta.
Daí em diante, somente caminhar se pode
Não sinto, não ligo, nem espero ou tento.
Sem motivo, sem fala, sem ouvir.
Sem direção
Quando tudo então se vai, e tu permaneces.
Quando não há coisa que se possa fazer
E quando chegares lá
Não se desespere
Não se angustie.
Faça o que tiver que ser feito,
Não importando o que seja.
Caminhe. Não pare.
Não existem mais arrependimentos agora
Tudo se desmorona
E tudo se vai.
Nada mais nos atinge
Nada chega até nós, não há influências.
Somente o céu, a paisagem e o vento.
Como eu houve de chegar aqui, me pergunto.
Tampo os ouvidos
Para escutar o que flui através de meu ser
Posso ouvir.
Depois que tudo se foi.
Alto e claro.
Sem mais preocupações
Sem distinções.
Nada consegue me afetar.
Não mais é fraca a minha natureza.
Tudo se acaba.
Se foi então, que seja
Desmoronou enfim.
E também eu me fui.
Não sou mais o mesmo alguém.
E eu desmorono em mim
Dentro, fora de mim.
Então no fim, que tanto se espera
Assim se faz
E sinto-me desmoronar, enfim.


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